segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Doroteia e a centopeia


Título: Doroteia, a centopeia

Gênero: Literatura Infantil 
Tipo: Poesia






Para meus netos, minha bisneta e para todas as crianças



DOROTEIA, A CENTOPEIA


Um, dois, três
Vou contar,
Era uma vez...


Um lugarzinho escondido
No canto de um jardim
Um canteiro bem florido
Cheio de verde capim.
 
Entre plantas, escondido
Um mundo de mil bichinhos,
De casas, ruas, zumbidos
De lagartas, bezourinhos.
Borboletas coloridas
E pintadas joaninhas
E formigas diligentes
Vivendo juntos, contente
Com muitos outros insetos
Debaixo de verde teto
Naquele mundo escondido
Sob o canteiro florido
Morava a Doroteia
Uma linda centopeia.
Muito faceira e dengosa,
Corada como uma rosa.

Doroteia era elegante
Gostava de conversar
De namorar e dançar.
Passeava a rebolar
Andando sem tropeças
Mesmo com muitos pés,
(eles eram mais de dez)

Mas Doroteia, a bela,
Batom na boca vermelha,
Brincos de argola na orelha,
Só andava de chinelos.
Com tantos pés no caminho
Tinha medo, a coitada,
de tropeçar na calçada
e cair esparramada
se usasse sapatinhos.

E a bela Doroteia
A dengosa centopeia
Ia sua vida levando
E as chinelas arrastando.

Até que um belo dia
Espalhou-se pelo ar
A notícia prazeirosa
Recebida com alegria
Pelas dondocas dengosas
E por todos os insetos,
os mais calmos e os inquietos,
Que Seu Grilo iria dar
Uma festa de arromba
Um baile de grande pompa.

Foram os vagalumes
Todos eles convocados
Para o baile iluminar,
Deixando com algum ciúme
alguns insetos alados
que não podiam ajudar
acabar com o negrume
para a festa abrilhantar.

Mas, mesmo assim, animados
Todos eles se arrumaram
Todos eles se enfeitaram
Para o baile tão falado.

E o que fez a centopeia,
A dengosa Doroteia?
Na cabeça fez cachinhos
E enfeitou com lacinhos.

Comprou luvas amarelas
Iria usar sapatinhos
Em vez das feias chinelas.

Foi difícil para ela
Todos sapatos comprar,
Tirar suas feias chinelas
Para no baile dançar.

Depois de muita procura
Até que enfim encontrou
Sapatinhos de verniz.
Do mesmo tamanho comprou
E ficou muito feliz
Satisfeita e segura.

Toda bonita e cheirosa
A centopeia dengosa
Se arrumou pra festança
Pra entrar logo na dança.

O baile estava animado
O oco da árvore enfeitado
Tudo bem iluminado
Borboletas coloridas
Misturadas com mil flores
Enfeitavam de mil cores
Aquela parte escondida
Daquele lindo jardim
Cheirando a rosa e jasmim.

E a Doroteia dengosa,
Toda bonita e cheirosa,
As bochechas cor de rosa,
A boca da cor vermelha,
Brincos de argola na orelha,
Sapatinhos nos seus pés
(eles eram mais de dez),
luvas amarelas nas mãos,
Foi a grande sensação
Quando entrou no salão
Andando sem tropeçar
Sem mesmo se atrapalhar.

Estava alegre a festança
Mas Doroteia, coitada,
Ficou logo agoniada.
Tinha os pés doloridos.
Talvez estranhando a mudança
Tivessem ficado feridos.

E ela estava cansada
Chorosa, triste, mancando,
Escondida no seu canto,
Olhando a dança, a festança
Sem poder nela entrar,
Sem poder participar.

Foi então que o Sr. Grilo
Perto dela foi chegando
Dizendo, muito tranquilo:
— Minha amiga Doroteia
Minha amiga centopeia
Você não está dançando,
Está quietinha num canto
Escondendo seu encanto.
Olhe bem os seus sapatos
Estão com seus pés trocados
Os esquerdos nos direitos
E os direitos colocados
Nos esquerdos, pelo jeito.

Doroteia com presteza
Todos sapatos trocou
E correu para dançar
Rodopiou com leveza
Bem nos braços de seu par.

E quando a festa acabou
A dengosa Doroteia
Feliz pra casa voltou.
A bonita centopeia
Jogou seus sapatos fora
E as velhas chinelas calçou.
Nelas acomoda agora
Seus pezinhos descansados
Que ficam esparramados
Soltinhos, bem ajeitados.



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